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Existencialismo de Sartre é trabalhado com alunos da EJA

 Os alunos do 3º ano do E.M. da EJA estão trabalhando com algumas obras do filósofo existencialista Jean-Paul Sartre, nas aulas de Filosofia deste ano. O professor Cleiton Renato Rezende explica que esses mesmos alunos, quando cursavam o 1º ano do EM, participaram de um projeto filosófico – “Vende-se leitura”, no qual o professor levou um carrinho de supermercado cheio de livros de escritores consagrados, para que eles pudessem escolher o livro de seu interesse e comprá-lo. Mas, ao invés de dinheiro, o pagamento era feito mediante um pequeno texto ou desenho comentando a obra escolhida . “A proposta agora é aprofundar a discussão iniciada no 1º ano”, assinala.

Inicialmente, está sendo feita uma introdução sobre a origem da Filosofia, para depois começar-se o trabalho com algumas teorias e obras de Sartre. Cleiton produziu uma apostila, que está servindo como fio condutor das aulas. Segundo o professor, o conhecimento filosófico começou na Grécia, no século VI a.C., com os filósofos pré-socráticos. “O conhecimento filosófico é racional e reflexivo, fruto da relação do homem de consciência crítica com o mundo real”, acrescenta.

Nascido em Paris (França), no início do século XX, Sartre influenciou profundamente sua geração e a seguinte. Foi um mestre do pensamento e seu exemplo foi seguido por boa parte da juventude do pós-guerra, nas décadas de 1950 e 1960. Feito prisioneiro pelos alemães durante a 2ª Guerra Mundial, o filósofo escreveu parte de sua obra durante o conflito.

Sobre a teoria existencialista, Cleiton explica que podemos aderir a um partido, escrever um livro ou nos casarmos, sendo que tudo isso não é mais do que a manifestação de uma escolha mais original, mais espontânea, do que chamamos de vontade. Mas se, como atesta Sartre, a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. “Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de por todo homem no domínio do que ele é, e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência”, comenta o professor.

De acordo com Cleiton, a facticidade da existência é, em resumo, o homem lançado entre as coisas e situações que lhe foram impostas e não escolhidas por ele. Existe uma constatação de que sua própria vida não está sob seu controle. Ela, porém, é uma gratuidade porque o homem existe. “Neste existir, ele passa por problemas sem razão que os justifique”, propõe a teoria sartreana.

Pode parecer profundo ou um pouco confuso, mas o professor ressalta que a filosofia é um conhecimento reflexivo que “re-pensa” os conhecimentos já existentes. O objetivo é fazer com que cada ser humano, ao filosofar, consiga ir além do imediato e encontre um sentido para sua existência e todas as suas ações.

E conclui: Um verdadeiro filósofo não é “positivista”, nem “idealista”, nem “existencialista”, nem “marxista”, nem “estruturalista” e assim por diante. Também, não é “hegeliano”, nem “heideggeriano”, nem “kantiano”, nem “nietzschiano” ou qualquer coisa que o valha.

Um verdadeiro filósofo utiliza alguns pressupostos de alguma teoria para questionar, problematizar e refletir sobre as inadequações do uso de conhecimentos para direcionar a vida dos homens. Um verdadeiro filósofo não afirma verdades acabadas, ele aponta direções de problemas a serem revistos. Lembre, a filosofia faz juízos de valor. E, juízos de valor são pontos de vista do sujeito que experimenta e vive o mundo e suas explicações no cotidiano de sua existência.

 

Pensamentos de Sartre:

“No espelho, o homem busca a confirmação da imagem que faz de si mesmo, de sua identidade. A ausência de janelas determina a perda do contato com o externo, a necessidade de viver em função não mais do mundo, mas de suas paisagens mentais”. (2006, p. 12).

Então, é isso o inferno. Eu não poderia acreditar… Vocês se lembram: enxofre, fornalhas, grelhas… Ah! Que piada. Não precisa de nada disso: O inferno são os outros. (2006, p. 125).

Todo ente nasce sem razão, se prolonga por fraqueza e morre por acaso. Inclinei-me para trás e fechei as pálpebras. Mas as imagens, imediatamente alertadas, de um salto vieram encher de existência meus olhos fechados: a existência é uma plenitude que o homem não pode abandonar. (2005, p. 191).

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